Porque é que vivemos para trabalhar?
Porque é que temos de estar sempre a fazer coisas?
Porque é que parar é tão desconfortável?
Claro que temos de estar cientes de algumas questões mais macro: as políticas de muitas empresas em prole da produtividade massiva, a competitividade entre colegas de trabalho (com contornos que não se via no tempo dos nossos pais), as despesas crescentes (é preciso ganhar cada vez mais para fazer face às despesas – casa, carro, escola d@s filh@s, explicações, cuidados de saúde, deslocações, alimentação, roupa/calçado… E nem estou aqui a incluir atividades lúdicas que envolvam dinheiro).
Mas podemos pensar noutras hipóteses também…
Será que o nosso valor está associado à nossa ascensão profissional/cargo que ocupamos? Como se valêssemos pelo que fazemos/produzimos.
Ou, e era aqui que eu queria chegar com esta reflexão:
Será que trabalhamos muito na tentativa – inconsciente – de não termos de sentir o que precisamos de sentir?
Ficamos anestesiados com o trabalho e com aquilo que temos de produzir, evitando assim entrar em contacto com as nossas tristezas mais profundas e outras questões que nos passam despercebidas mas, ainda assim, nos moem por dentro.
Às vezes, recorremos a ‘estratégias’ como forma de lidarmos com o vazio que nos assola – e.g. trabalhamos 24/7, compramos coisas de que não precisamos, bebemos demais, comemos demasiado, recorremos a drogas… Queremos proteger-nos.
Mas, eu diria que mais vale sentirmos e vivermos este vazio (de forma temporária!) para que, posteriormente, possamos sentir um preenchimento, isto é, um reencontro connosco e com os outros.
23 de fevereiro de 2023