Cometemos os mesmos erros uma e outra vez.
A Maria chegou a casa, depois de um dia de trabalho, cansada, frustrada, sem ânimo, sem norte. Sentia-se sozinha. Havia uma vazio.
Queria alguém a quem se agarrar…
O que haverá no armário? E no frigorífico?
Prometeu que não ia voltar a acontecer. Mas aconteceu. Outra vez.
Comeu, comeu e finalmente encontrou o que tanto ansiava – um alívio, uma dormência. É como se a vida parasse naquele momento; não havia ansiedade, o stress evaporou e os problemas mingaram.
Mas foi tudo tão momentâneo. Fugaz.
Logo a seguir o peso da culpa apoderou-se da mente e com ele a urgência em expulsar toda aquela comida do corpo… O episódio repetiu-se e a desilusão fez-se presente. Outra vez.
Cometer os mesmos erros é aquilo a que Freud chamou de Compulsão à Repetição.
Cada um à sua maneira vai repetindo os seus erros.
Podemos estar convictos em seguir um determinado rumo (ginásio 3x semana, seguir o plano da nutricionista…), mas nem sempre as coisas correm como esperávamos (e é como se voltássemos à estaca zero!), e ficamos desiludidos.
É natural que as coisas falhem, mas não podemos perder a esperança. Precisamos de continuar, perceber o que aconteceu. Compreender que emoções estão a ser engolidas, compreendermo-nos.
Um abraço,
Mónica
[texto focado na bulimia, mas poderia ser sobre tantas outras coisas…]
23 de maio de 2023